quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Padre Julio, o desfecho

No último dia 25 de janeiro, o arcebispo emérito de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, estava se preparando para o início da missa em celebração ao aniversário de São Paulo quando avistou, na entrada do clero, seu afilhado, padre Júlio Lancellotti. Apesar da saúde debilitada, fez questão de levantar para cumprimentar seu discípulo e amigo. Apenas uma jornalista presente notou este detalhe: a repórter Angélica Pinheiro, da revista IMPRENSA.
Definitivamente, o padre Júlio não estava entre as pautas dos setoristas escalados para trabalhar no feriado prolongado. Mas devia estar. A qualquer momento, o juiz Caio Farto Salles, da 31º Vara Criminal de São Paulo, na Barra Funda, pode promulgar a sentença que vai definir de uma vez por todas se o padre foi vítima de extorsão. Desde que foi encerrado, em oito de novembro, o inquérito policial repousa na mesa do magistrado à espera de uma sentença. Para refrescar a memória: o inquérito policial concluiu que o padre foi, realmente, vítima de extorsão das quatro pessoas presas preventivamente após denúncia que o próprio Lancellotti fez, em agosto deste ano, quando extorquido em cerca de R$ 80 mil. Concluído o inquérito, a polícia indiciou, portanto, o ex-interno da antiga Febem Anderson Batista, 25; sua mulher, Conceição Eletério, 44; e os irmãos Evandro e Everson Guimarães. Além desses, a polícia investiga Marcos José de Lima, conhecido de Batista, também acusado de chantagear o padre.

Angélica acompanhou todas as aparições públicas do padre desde 21 de dezembro, quando foi realizada a tradicional ceia anual que precede o “Encontro do Povo da Rua”. No dia seguinte, 22 de dezembro, o presidente Lula foi ao encontro, como faz desde que o evento foi criado, há cinco anos. A imprensa noticiou o fato, mas não mencionou o inquérito. Também não reparou que aquele foi o segundo evento, em menos de quatro meses, em que o padre foi recebido pelo presidente diante das câmeras. No entorno de Júlio Lancellotti, a expectativa é que o juiz condene a quadrilha. Só quando isso acontecer, o padre, que nunca fugiu de jornalista, vai começar a falar. Será o momento, enfim, da reação.

Para IMPRENSA, Dom Odilo Scherer disse que a Igreja estuda pedir reparações após a conclusão do inquérito. Parou por aí. Não disse nem qual, nem quem. A posição de Dom Odilo, porém, tem um grande significado simbólico. Depois de resistir em silêncio - por orientação de seu advogado – durante seis meses, Júlio Lancellotti vai reaparecer mais forte que nunca, cercado de amigos, fiéis, entidades, ONG´s. partidos políticos e jornalistas simpáticos à sua causa. Se isso acontecer – e eu aposto que sim – a imprensa sentará no banco dos réus: houve um linchamento? Uma segunda “Escola Base”?

Mas nem a vitória, nem a derrota encerrariam o caso. Existe um outro inquérito em andamento, onde o padre é acusado por uma suposta ex–funcionária da Casa Vida, que por ele é coordenada, de assédio sexual a um menor. Esse desfecho ainda vai demorar ou pode nem acontecer por falta de provas. Até lá, um grupo de trabalho cuidará da comunicação e da estratégia. A trincheira é um site (www.padrejulio.com.br), que serve como referência para os fiéis e amigos. São as cenas dos próximos capítulo dessa história baseada em fatos reais

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