quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

O roteirista é essencial para programas como o "Pânico", diz Rosana Hermann

Se a jornalista Rosana Hermann morasse e trabalhasse nos Estados Unidos ela certamente estaria em greve. Como roteirista e "pauteira" do "Pânico", Rosana foi a "inteligentzia" por trás das tiradas geniais que transformaram a trupe comandada por Emílio Surita no maior sucesso humorístico da história recente da TV brasileira. Seu trabalho, entretanto, não é tão reconhecido por aqui como seria nos Estados Unidos, onde até mesmo apresentadores de talk show, como David Letterman, preferem sair do ar a viver sem roteiristas.
Na tarde de ontem, a TV Bandeirantes anunciou que Rosana Hermann seria uma das novas contratadas da casa. Pena que não seja para fazer humor em tempo integral. A nova função de Rosana é ser a editora chefe do "Atualíssima", programa feminino e vespertino, comandado por Leão Lobo. Por e-mail, Rosana Hermann deu a seguinte entrevista.


IMPRENSA - Até onde as tiradas do "Pânico" são espontâneas? Os roteiristas são a alma do programa?
Rosana - Boa parte do trabalho dos integrantes do "Pânico" é feito em cima do improviso, durante a captação. Mas o roteirista é essencial para o programa, tanto no visível quanto no invisível. Mas mesmo assim existe um pré-roteiro e uma pauta anteriores, que dizem quem vai aonde, fazer o quê. Ninguém chega numa gravação sem saber o que vai fazer ou aonde quer chegar. Existe uma reunião de pauta, com participação de todos, onde cada idéia é definida. A idéia é então descrita num roteiro de pré-gravação, que entra em produção.
Depois de captadas as imagens, o roteirista também trabalha na edição, para costurar com o editor a estrutura da matéria, fazer offs. Há quadros que são todos roteirizados, com banda de áudio e vídeo. Há quadros que só precisam de costura e de offs do Emilio. Há programas, como as "retrôs", que são feitos com o editor e o roteirista, apenas. Tem de tudo. Mas o roteirista é indispensável em qualquer programa profissional.

IMPRENSA - Qual seria, no Brasil, o cargo que mais se aproxima do típico roteiristas norte-americano: produtor, editor-chefe, redator...?
Rosana - Aqui no Brasil muitos produtores dirigem as externas, mas não escrevem. Seriam "roteiristas ao vivo". O editor-chefe também é um criador. Ele roteiriza a edição das matérias, mas chama o roteirista para escrever os offs e para ajudar a dar idéia de como montar o material. Digamos que o editor e o produtor também criam seus roteiros de trabalho. Mas aqui no Brasil, pouca gente gosta de sentar e escrever. Quase todo mundo prefere "falar" do que escrever.

IMPRENSA - No Brasil, os talk shows são dependentes dos roteiristas, como nos EUA (Leno, Letterman...)?
Rosana - Um talk show como o do Jô Soares usa muito o roteirista para a abertura, o editorial e as supostas "piadas" do "abre". E também para organizar a apresentação dos convidados, descrevê-los, etc. Digamos que a existência do Tele Prompter é a prova viva da existência do roteirista e do redator. As pessoas não conhecem o trabalho destes profissionais. Mas o roteiro é um elemento que une técnica e produção, uma espécie de denominador comum para que todos saibam o que estão fazendo.

IMPRENSA - Qual o perfil do seu novo público-alvo?
Rosana - Ainda não sei. Esta é uma das primeiras coisas que vou conversar quando começar o trabalho no dia 1º de fevereiro. Mas acho que são todas as pessoas que, como eu, adoram novidades e notícias para viver uma vida "atualíssima".

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