terça-feira, 26 de maio de 2009

Mercado negro



Na babel de Barcelona, o mercado negro é dividido em territórios muito bem delimitados. Os africanos, majoritariamente os argelinos e nigerianos, dominam o comércio de produtos de grife fasificados. Se espalham em grupos pela orla de Barceloneta e nas Ramblas e deixam o material em panos envoltos por uma espécie de corda. Quando surge algum policial mais invocado, puxam a cordinha e em poucos segundos a muamba vira uma mochila. Mas é tudo cena. Os policiais só fingem que vão abordá-los. Raramente algum ambulante é detido, e quando isso acontece, fica-se poucas horas na cadeia. Óculos Prada, bolsas Gucci, relógios Rolex. Tudo por cinco euros. Os turistas fazem a festa. Vender e tomar cerveja nas ruas de Barcelona é ilegal, mas ninguém se importa com isso. O ramo de venda de latinhas pelas ruas é ¨gerido¨ pelos paquistaneses e indianos, aqui chamados de ¨paqs¨ ou ¨moros¨. Deixam as latas escondidas em bueiros e as vendem por 1 euro nos locais de maior aglomeração. Nao sei como, mas muitas delas chegam geladas. Só ¨moros¨ devidamente contratados podem vendê-las. Eles são arregimentados por famílias donas de mercados e mercadinhos, e portanto compram cerveja no atacado. É tudo muito organizado. Os moros também vendem haxixe de qualidade duvidosa, mas com preços convidativos. Um tabletinho sai por vinte euros, e deve ser fumado com tabaco. Fuma-se bastante haxixe em Barcelona. Nas praças no fim da tarde, nos shows, nas esquinas. A polícia passa pelas rodinhas e finge que não vê o cigarrinho passando de mão em mão. Só não vale ficar dando bandeira. A polícia espanhola é dura no aeroporto. Mas os imigrantes - legais ou ilegais - que conseguem entrar, encontram uma política totalmente permissiva. Todos eles - as putas e garçons brasieiros, os cervejeiros moros, os muambeiros argelinos - saem as ruas para celebrar as vitórias do Barcelona.

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