segunda-feira, 25 de maio de 2009

Em Barcelona, é cada um no seu quadrado


De Barcelona

Homens não usam sutiã, portanto nunca saberão qual a graça - e o prazer - de se fazer toples. Alguns mais salientes ainda se perguntam porque tirar a parte de cima, se o grande charme é justamente aquela marquinha discreta que cruza o tomara que caia. Coisa de brasileiro. Aliás, é curioso observar que as mulheres brasucas utilizam minúsculas calcinhas de biquini, mas nunca tiram a parte de cima. Já nas praias de Barcelona, as partes baixas dos biquinis são verdadeiras cortinas, enquanto as de cima ficam na bolsa. Num happy hour com casais brasileiros na orla da Barceloneta, espichei os ouvidos para a ala feminina da conversa a fim de entender os segredos e dramas delas nessa seara. “Nas lojas só se encontramos calcinhas minúsculas, com um fio mais que dental na parte de trás. É muito desconfortável”, disse uma. “Sempre que vou ao Brasil, trago um lote de calcinhas. As nossas sim, são confortáveis”, complementou outra. Intrigante isso. As mulheres de lá fazem topless e usam calcinhas mega sensuais (e incomodas) escondidas por trás da calça. Mas na hora de ir à praia, são conservadoras com a parte de baixo. No Brasil, é o vice-versa. Conversa vai, conversa vem, eis que surge caminhando tranquilamente pelo “calçadão” em frente ao bar um homem completamente nú, apenas de tenis e mochila nas costas. Ao seu lado, outro mais velho parecia estar de sunga. Mas vendo de perto - ainda que discretamente - percebia-se pelo volume livre, leve e solto que a sunga era, na verdade, uma tatuagem. Passaram pela polícia numa nice, numa tranquila, numa boa. Alguém então comentou que os dois são figuras conhecidas e folclóricas na cidade. Dois naturistas radicais que aproveitam a lei da Catalunha - onde o nudismo não é crime de atentado ao pudor - para permanecer 24 por dias como vieram ao mundo. Fascinante. Uma semana antes, na Grécia, mais precisamente na praia de Super Paradise, em Mykonos, fiquei peladão pela primeira vez. Depois de um começo tímido, começei a fazer coper nú, feliz da vida. A festa acabou quando ouvi de longe um grupo de brasileiros conversando em voz para lá de alta. Pior. Eram todos de Uberaba, terra dos meus primos. Percebi pelo sotaque: “Olha só, inglês não tem erro. Se você gostar de uma coisa, diz só Thank you. Mas se gostar muito, diz Thank you very good”. Entrei no mar correndo e só sai de lá de sunga (do avesso).

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